Verona de ‘Cartas para Julieta’ e ‘Romeu e Julieta’: A Cidade do Amor nas Páginas e na Vida Real

Existe algo de mágico em caminhar por uma cidade que parece saída diretamente de um livro. Verona, com suas sacadas floridas, ruas de pedra e atmosfera romântica, é uma dessas cidades que fazem a gente se perguntar: “Será que estou mesmo aqui ou virei personagem de uma história de amor?”

Essa é a sensação de quem conhece Verona com o coração preparado pelas páginas de ‘Romeu e Julieta’, de Shakespeare, e de ‘Cartas para Julieta’, de Lise Friedman e Ceil Friedman. A cidade não é apenas cenário — ela é protagonista. É como se Verona respirasse as palavras que a tornaram famosa, como se suas paredes sussurrassem histórias antigas e eternas.

A literatura tem esse poder: ela não apenas nos leva para outro lugar — ela muda a forma como vemos esse lugar. E quando o cinema se junta à escrita, o encantamento se torna completo. Alguns destinos nos tocam por sua beleza natural, outros por sua história… Verona toca porque é feita de sentimentos, de palavras trocadas, de amores vividos (ou sonhados) entre ficção e realidade.

Neste post, quero te levar comigo por esse encontro entre páginas e pedras, entre personagens e viajantes. Porque Verona não é só uma cidade para se visitar — é uma cidade para sentir.

Romeu e Julieta: O amor imortal de Shakespeare

Não tem como falar de Verona sem lembrar do casal mais famoso da literatura mundial: Romeu e Julieta. Mesmo que Shakespeare nunca tenha pisado em solo italiano, foi em Verona que ele escolheu ambientar a tragédia que atravessa os séculos — e os corações.

A Verona imaginada por Shakespeare é palco de um amor tão intenso quanto impossível. Entre janelas abertas à noite, promessas sussurradas ao luar e famílias em conflito, nasce uma história que, mesmo triste, faz a gente acreditar na força do sentimento verdadeiro. É curioso pensar que um lugar possa carregar tantas emoções vindas de uma ficção. Mas Verona carrega. E com orgulho.

A Casa de Julieta, com seu famoso balcão, é hoje ponto obrigatório para quem ama literatura — ou só quer sonhar um pouco. É impossível passar por ali e não sentir um arrepio ao imaginar Julieta inclinada, ouvindo Romeu declarar seu amor. Mesmo sabendo que o romance é fictício, a sensação é real. O pátio, a estátua de bronze, os bilhetes de amor presos nas paredes… tudo convida à entrega, à fantasia, ao desejo de viver algo tão intenso quanto aquele amor impossível.

E a peça não influenciou só a forma como lemos o amor — ela moldou o roteiro turístico da cidade. Verona abraçou sua identidade literária com carinho: há placas com trechos da obra espalhadas pelo centro histórico, lojas temáticas, museus e até eventos inspirados na peça. Para o turista-leitor, é uma experiência única. É como caminhar por dentro de um livro, vivendo cada página com os pés e o coração.

Verona, nesse sentido, é mais do que cenário — é testemunha. Uma cidade que foi escolhida pela ficção e que, desde então, escolheu nunca mais deixar de inspirar.

Cartas para Julieta: O romance moderno que revive a cidade

Se Romeu e Julieta é a alma antiga de Verona, Cartas para Julieta é o coração moderno que bate entre as paredes dessa cidade. O livro, escrito por Lise Friedman e Ceil Friedman, inspirou o filme que emocionou o mundo e reacendeu o interesse por um dos rituais mais poéticos que existem: escrever uma carta de amor para Julieta Capuleto.

A história gira em torno de Sophie, uma jovem americana em viagem pela Itália, que encontra uma carta perdida, escrita por uma mulher chamada Claire, décadas atrás. Movida pela emoção daquelas palavras, Sophie decide responder — e, com isso, embarca numa busca real por um amor antigo. O filme, estrelado por Amanda Seyfried e Vanessa Redgrave, é doce, leve e cheio de paisagens de tirar o fôlego. Mas o mais bonito é que ele é inspirado numa tradição verdadeira.

Sim, as cartas para Julieta existem de verdade. Todos os anos, milhares de pessoas deixam bilhetes no muro da Casa de Julieta em Verona, pedindo conselhos, contando histórias, desabafando dores e esperanças. E essas cartas não ficam sem resposta. Existe um grupo chamado “Clube das Secretárias de Julieta”, formado por voluntárias (e alguns voluntários também) que leem e respondem cada mensagem com carinho, como se fossem confidentes literárias do coração.

Esse detalhe transforma completamente o olhar do viajante. Depois de ler ou assistir Cartas para Julieta, Verona deixa de ser só um cenário bonito e passa a ser um lugar onde o amor é levado a sério — com tinta, papel e emoção verdadeira. A cidade ganha outras camadas, outros caminhos. Você começa a reparar nas pessoas que deixam cartas discretamente, nos olhares sonhadores em frente ao muro coberto de bilhetes, no silêncio de quem está ali não só para tirar uma foto, mas para sentir algo.

É isso que faz Cartas para Julieta ser mais do que uma história bonita. É um convite. Para quem ama, para quem espera amar ou para quem acredita que o amor, mesmo com o tempo, ainda encontra caminhos para florescer.

Verona na vida real: uma cidade literária viva

Verona não é só cenário de clássicos — é um lugar que vive literatura todos os dias. Para quem é fã de Romeu e Julieta ou se emocionou com Cartas para Julieta, caminhar por essa cidade é como entrar em um livro aberto, onde cada esquina guarda uma história pronta para ser sentida.

Comece pela Casa de Julieta, claro. O famoso balcão está lá, assim como a estátua de bronze no pátio (dizem que tocar o seio direito dela dá sorte no amor, viu?). A fachada está coberta de bilhetes, corações rabiscados e pedidos de amor. E o mais bonito: é tudo espontâneo. Não é cenário montado, é gente de verdade se abrindo por amor. Suba até o quarto de Julieta e veja de perto o figurino do filme de Franco Zeffirelli, cartas antigas e objetos que fazem qualquer leitor suspirar.

Outro ponto obrigatório é a Tumba de Julieta, que fica dentro do antigo convento de San Francesco al Corso. É um lugar silencioso, quase escondido, mas que carrega um peso poético difícil de explicar. Mesmo que o túmulo seja simbólico, ele tem a força de todos os amores que se inspiraram na história ao longo dos séculos.

Para os fãs de Cartas para Julieta, não deixe de visitar o Clube das Secretárias de Julieta, na mesma Casa. Lá você pode entregar sua própria carta — escrita à mão, com emoção — ou até ser voluntário por um dia e ajudar a responder bilhetes. Uma experiência única para quem ama escrever e acredita que uma carta pode mudar um destino.

Agora, se você quer uma visita verdadeiramente imersiva, separe um tempo para andar sem pressa pelas trilhas românticas de Verona. Caminhe pela Piazza delle Erbe, suba até o Castel San Pietro ao entardecer e veja a cidade dourada pela luz do sol. Leia um trecho de Shakespeare ali mesmo, com a vista do rio Ádige aos seus pés. Faça uma pausa em uma cafeteria charmosa e escreva no seu diário. Ou quem sabe, uma carta.

Essa é a beleza de Verona: ela mistura livro, história e realidade com uma delicadeza rara. Não é preciso ter vivido um grande amor para se emocionar ali. Basta amar as palavras — e deixar que elas conduzam seus passos.

Indicação de leitura: por que Cartas para Julieta merece seu lugar na mala

Tem livros que a gente lê… e tem livros que a gente leva na mala como companheiros de viagem. Cartas para Julieta é esse tipo de leitura. Não só porque se passa em Verona, mas porque tem o poder raro de transformar o olhar que lançamos sobre a cidade — e sobre o amor.

Antes mesmo de embarcar, o livro desperta uma vontade doce de se conectar com algo maior que a rotina. Ele nos lembra que o amor pode durar uma vida inteira, que cartas ainda têm poder, e que histórias vividas com o coração valem cada página. Ler Cartas para Julieta é começar a sonhar com a viagem, com os encontros improváveis, com as paisagens que só se revelam a quem está disposto a sentir.

E o mais bonito é que ele não é só sobre romance entre duas pessoas. É sobre reconexão com o que importa. Sobre pausas. Sobre coragem. Ele nos faz querer escrever mais, ouvir mais, prestar atenção nas pequenas coisas — e talvez até mandar uma carta para Julieta contando nossos próprios dilemas do coração.

Durante a viagem, o livro vira um guia emocional. Cada local que aparece nas páginas ganha outro significado quando você o vê ao vivo. Você não está mais apenas tirando uma foto — está vivendo um capítulo.

Por isso, se você está planejando ir para Verona (ou se ainda está só sonhando), eu recomendo com todo o coração: leia Cartas para Julieta. Deixe-se levar. Faça anotações nas margens, marque suas frases preferidas, escreva seu nome na contracapa com a data da leitura. É o tipo de livro que vai morar para sempre na sua memória afetiva de viajante.

E, quem sabe, te inspirar a escrever sua própria carta.

Agora é com você!

Verona é mais do que um ponto no mapa. É um cenário que pede para ser vivido como se fôssemos personagens de uma história. E talvez seja isso que torna essa cidade tão especial: ela nos convida a entrar na narrativa, a caminhar como Romeu, a escrever como Sophie, a sonhar como Julieta.

Se você chegou até aqui, provavelmente já sente o chamado. E o meu convite é esse: não vá para Verona apenas como turista. Vá como leitor. Vá como alguém que carrega na mala não só roupas e planos, mas também páginas que marcaram sua vida. Vá com o coração aberto às coincidências, aos encontros inesperados, aos silêncios que dizem mais que mil fotos.

Leve um livro. Escreva uma carta. Deixe um bilhete nos muros da Casa de Julieta. Sente-se numa praça e releia um trecho sublinhado. Faça da sua viagem uma história — porque algumas das melhores experiências não estão no roteiro turístico, mas nas entrelinhas daquilo que a gente sente quando viaja com alma de leitor.

E lembre-se: toda grande jornada começa com uma boa história. A sua pode começar agora — talvez com um livro, talvez com uma carta. Mas com certeza, com o coração.